
Alessandra Kuskoski Szupka
Como identificar se preciso de um ortodontista?
Atualizado: 3 de nov. de 2021
Dizem que o nosso sorriso fala muito sobre nós. Mas o que seu corpo diz sobre o seu sorriso?

Nesses mais de dez anos de profissão, aprendi não somente ler o sorriso das pessoas, mas também a ver nas entrelinhas a preocupação delas com sua autoimagem através do sorriso, ou falta dele.
Essas coisas a gente não aprende na faculdade ou nas especializações, é algo que se desenvolve no dia a dia, na vivência dentro do consultório.
Quando o paciente chega para a primeira consulta, durante a conversa já consigo perceber que sua preocupação vai além do tratamento que virá fazer. Ele quer se sentir bem, resgatar a sua autoestima, desenvolver sua autoconfiança e ter mais amor-próprio. Um sorriso bonito e saudável é o caminho para alcançar todos esses objetivos.
Mesmo que não tenhamos consciência, biologicamente, temos a necessidade de nos sentirmos bonitos, atraentes, de sermos aceitos. É natural.
E agora, nesse momento em que vivemos com as restrições impostas pela pandemia de Covid-19 todos esses sentimentos e necessidades foram potencializados.
O que parecia temporário passou a ser rotina na vida de muitas de pessoas (acredito que na sua também). Migramos nossas atividades para dentro de casa e quase tudo passou a ser on-line: praticar exercícios, estudar, se relacionar e trabalhar.
Webcams ligadas praticamente o dia todo: reuniões com os colegas de trabalho ou clientes, vídeos para falar sobre o produto ou serviço com o qual você trabalha, selfies para matar saudade dos familiares, happy hour via meet e por aí vai...
Junto com toda essa exposição, vêm as autocríticas: “Nossa, meu sorriso está torto” “E esse dente tortinho aqui?” “Como não percebi antes que meu sorriso estava assim??!!”
Aqueles problemas na mordida, ou estéticos (geralmente associados a má-oclusão), que antes passariam despercebidos, agora parecem pular da tela e nos acusar de omissão.
E se engana, quem acha que essa é uma preocupação apenas dos mais jovens.
Os adultos e até mesmo pessoas da melhor idade têm me procurado frequentemente no consultório relatando essa mesma sensação: a necessidade de ter um sorriso mais bonito para ter mais autoconfiança em frente às câmeras.
É claro que esses problemas já aconteciam antes da pandemia, mas essa superexposição os potencializou o que vem limitando tanto a vida profissional como a vida afetiva e o emocional de muita gente. Pois, antes era possível esconder o sorriso com a mão, ou disfarçar falando com a cabeça mais baixa, por exemplo. Mas nesse momento, em frente às câmeras, esses hábitos tiveram que ser deixados de lado e com o agravante de que as pessoas falam olhando para si mesmas. Ou seja, aqueles problemas que antes ficavam esquecidos, agora ficam ali, frente a frente com você.

Vários pacientes já disseram que antes do tratamento, sofriam silenciosamente com baixa autoestima e autoconfiança, introspecção e vergonha devido à alguma má-oclusão, que geralmente é refletida na estética do sorriso, mas que nem sempre se davam conta, porque deixaram de se olhar, faziam questão de esconder o sorriso para sentirem-se melhor.
Ninguém merece viver se escondendo. Isso é muito triste.
Mas, então? Como identificar se preciso de um ortodontista?
Nem sempre é possível se autodiagnosticar ou diagnosticar uma criança sem ajuda de um dentista, principalmente quando o alinhamento anormal dos dentes se encontra num estágio de baixa complexidade. Ou seja, que são leves ou estão em fase inicial, mas que já podem ser tratados.
O problema de não identificar no início e, consequentemente, não fazer o tratamento é que algo que tinha baixa complexidade e que teria um tratamento mais rápido, com o passar do tempo, pode se tornar mais traumático de tratar e possivelmente mais caro também, pois geralmente evolui para um caso de maior complexidade.
Por exemplo, uma criança que usaria um aparelho expansor por alguns meses, caso não tenha o diagnóstico no início e deixe o tratamento para a adolescência ou fase adulta, pode vir a precisar até mesmo de cirurgia.
Esses casos de maior complexidade deixam o problema bem evidente, normalmente na idade adulta, seja na estética do sorriso ou por causa de problemas de saúde associados como:
Problemas periodontais;
Dores de cabeça, pescoço, ombros e costas;
Dores mandibulares
Dentes desalinhados ou fora de posição;
Desproporção entre as arcadas superior e inferior;
Respiração pela boca;
Dificuldade na mastigação;
Articulações que emitem ruídos;
Retração de gengiva;
Desgaste ou perda dos dentes;
Bruxismo.
Se você tem algum desses problemas citados, está mais que na hora de agendar uma avaliação com seu ortodontista de confiança. Quanto antes você obter um diagnóstico, mais rápido poderá ser o tratamento e mais cedo você terá os benefícios de um sorriso funcional, harmônico, belo e saudável.
E se você quiser saber mais sobre o que é e quais os tipos mais comuns de má-oclusão e suas possíveis consequências para a sua saúde e bem-estar ao longo da vida, falo sobre esse tema no post seguinte.
Até logo!
Alessandra Kuskoski Szupka
Especialista em Ortodontia
CRO-PR 21.270